ANÚNCIOS DO DKW CANDANGO
DKW Candango: O Jipe Valente que Ajudou a Construir Brasília
O DKW-Vemag Candango é um dos veículos mais emblemáticos e com maior carga histórica da indústria automobilística brasileira. Produzido entre 1958 e 1963, este robusto utilitário não foi apenas um carro, mas uma ferramenta de trabalho e um símbolo da era desenvolvimentista do país, intimamente ligado à epopeia da construção da nova capital, Brasília.
Origem Alemã, Batismo Brasileiro
A história do Candango começa na Alemanha, com o jipe Munga, fabricado pela Auto Union (uma das marcas que formaria a Audi) para uso militar e em terrenos difíceis. A Vemag (Veículos e Máquinas Agrícolas S.A.), que já montava e produzia sob licença os sedãs e peruas da DKW no Brasil, viu no Munga a oportunidade de oferecer um utilitário 4x4 robusto ao mercado nacional, dominado pelo Jeep Willys.
Lançado inicialmente em 1958 como "Jipe DKW-Vemag", o modelo foi logo rebatizado. Em uma genial jogada de marketing, a Vemag adotou o nome "Candango", uma homenagem direta aos operários, em sua maioria nordestinos, que trabalharam arduamente na construção de Brasília. O nome conectou o veículo ao sentimento de orgulho e modernização que tomava conta do Brasil na gestão do presidente Juscelino Kubitschek.
Mecânica Inconfundível e Características Únicas
O Candango se diferenciava de seus concorrentes por uma série de características técnicas herdadas da DKW, que o tornavam único:
Motor 2 Tempos: O coração do Candango era o inconfundível motor de três cilindros e dois tempos com 980 cm³. Ele produzia cerca de 50 cv de potência e um som agudo e metálico, muito característico. A lubrificação era feita pela mistura de óleo diretamente na gasolina, no tanque de combustível.
Tração e Suspensão: Foi oferecido em versões 4x2 (tração dianteira) e 4x4. A versão 4x4 possuía tração integral permanente e caixa de redução, conferindo-lhe uma notável capacidade off-road. Sua suspensão com feixes de molas transversais independentes nas quatro rodas garantia um rodar mais suave que o de seus concorrentes diretos, que usavam eixos rígidos.
Design Funcional: A carroceria era puramente funcional, de aço, sem portas (substituídas por correntes ou cortinas de lona) e com uma capota de lona como item de série. O para-brisa era rebatível, e seu design espartano, com para-lamas destacados, reforçava sua vocação para o trabalho pesado.
O Valente dos Canteiros de Obras
O Candango brilhou nos terrenos acidentados do Planalto Central. Sua robustez e capacidade de tração o tornaram um veículo ideal para engenheiros, topógrafos e empreiteiros que desbravavam o cerrado para erguer a nova capital. Ele era uma presença constante nos canteiros de obras, transportando pessoas e materiais onde poucos veículos conseguiam chegar.
Apesar de sua valentia, a vida do Candango foi curta. A produção foi encerrada em 1963, após cerca de 5.600 unidades produzidas (algumas fontes citam números ligeiramente diferentes). Vários fatores contribuíram para seu fim:
Alto Custo: Era um veículo caro para a época, em parte pela complexidade de sua caixa de câmbio importada.
Falta de Interesse Militar: A Vemag esperava grandes encomendas das Forças Armadas, que nunca se concretizaram em larga escala, pois a preferência continuou sendo pelo rival Jeep Willys.
Concorrência: O Jeep Willys já estava consolidado no mercado, com uma rede maior e fama de robustez.
Legado e Mercado Atual
O DKW Candango deixou um legado de bravura e pioneirismo. Ele é uma peça viva da história do Brasil, representando um período de intensa transformação e otimismo. Por sua raridade e importância histórica, é hoje um veículo muito valorizado por colecionadores e entusiastas de carros antigos. Encontrar um exemplar em bom estado de conservação é um desafio, e seus preços no mercado de clássicos refletem sua exclusividade e a rica história que carrega em seu chassi de aço.
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