MANUAL LAMBRETTA PASCO - XISPA 150 E 170
No final dos anos 70, a era de ouro das motonetas clássicas no Brasil já dava sinais de cansaço. Em meio à concorrência das motocicletas japonesas, mais modernas e eficientes, uma empresa em São Paulo deu um passo corajoso para manter viva a chama da maior rival da Vespa: nascia a Lambretta Pasco-Xispa.
Este não era apenas mais um modelo; era uma tentativa de modernizar e dar um novo fôlego a um ícone. Hoje, vamos mergulhar na história desta que foi uma das últimas Lambrettas brasileiras e entender a importância do seu manual do proprietário, o guia de uma verdadeira sobrevivente.
A Xispa: Uma Lambretta para os Novos Tempos
Após o fim da Lambretta do Brasil S.A. no início da década, a empresa Pasco adquiriu os direitos e o maquinário, reiniciando a produção em 1978. A "Xispa" era, em essência, uma evolução da popular série LI, mas com um visual atualizado para a estética do final dos anos 70.
Design Atualizado: A Xispa abandonou os para-lamas arredondados e as curvas suaves de suas antecessoras por um visual mais reto e angular. O para-lama dianteiro era mais "quadrado", assim como as tampas laterais do motor e do porta-luvas, refletindo o design da época. O farol, agora retangular, também era uma marca registrada do modelo.
Motorização 2 Tempos: O coração da Xispa continuava sendo o tradicional motor 2 tempos, refrigerado a ar, com o cilindro na horizontal. Ela foi oferecida com motores de 150cc e, a mais potente e desejada, de 175cc (frequentemente arredondada para 170 em materiais de divulgação).
Mecânica Clássica: Toda a base que consagrou a Lambretta estava lá: o chassi tubular, o câmbio de 4 marchas acionado pelo punho esquerdo em conjunto com a embreagem, e a posição de pilotagem confortável.
A Xispa foi a última tentativa de manter a Lambretta relevante, uma guerreira que lutou bravamente até o início dos anos 80, quando sua produção foi encerrada, marcando o fim de uma era.
O Manual do Proprietário: O Roteiro da Resistência
O manual que acompanhava a Lambretta Pasco-Xispa é um documento que reflete tanto a tradição da marca quanto a simplicidade da época. Era o guia essencial para manter a motoneta funcionando de forma confiável, ensinando o proprietário a ser o principal guardião de sua máquina.
(Neste ponto, você pode inserir imagens que possa ter do manual da Lambretta Xispa)
Este guia histórico era fundamental para o dia a dia do Lambrettista, contendo lições vitais:
A Preparação do Combustível: Assim como suas rivais, a seção mais crítica do manual era a que ensinava a correta mistura de óleo 2 tempos na gasolina. O manual da Pasco detalhava a proporção exata para garantir a lubrificação do motor, um ritual indispensável a cada abastecimento.
Operação e Comandos: O guia explicava o funcionamento da torneira de combustível (com reserva), do afogador para partidas a frio e a técnica correta para as trocas de marcha, que na Lambretta exigiam um "feeling" especial do piloto.
Manutenção ao Alcance do Dono: O manual trazia instruções claras para tarefas que hoje são feitas apenas em oficinas, como:
-Limpeza e ajuste da vela de ignição.
-Regulagem da embreagem e dos cabos de comando.
-Verificação do nível de óleo do câmbio.
-Limpeza do carburador, um procedimento comum para garantir o bom funcionamento do motor 2 tempos.
Esquema Elétrico: Continha um diagrama básico do sistema elétrico de 6 volts, crucial para diagnosticar problemas no farol, na buzina ou na lanterna traseira, que eram alimentados pelo platinado.
Hoje, a Lambretta Xispa é um item raro e de grande valor para colecionadores, um símbolo da resiliência e da paixão pela cultura das motonetas. Seu manual do proprietário não é apenas um guia de manutenção, mas a prova documental do último capítulo de uma das histórias mais belas do motociclismo no Brasil.
Você já viu uma Lambretta Xispa de perto? Qual a sua opinião sobre o design "setentista" dela? Compartilhe suas memórias nos comentários!
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