CATÁLOGO DE PEÇAS FORD AERO WILLYS E FORD ITAMARATY 1966 / 1970 (DOWNLOAD PDF)

A Era da Transição: Ford Aero Willys e Ford Itamaraty (1966-1970)

O período entre 1966 e 1970 marcou uma fase de profunda transformação para os sedãs de luxo Aero Willys e Itamaraty. O que começou como o auge do prestígio da Willys-Overland do Brasil culminou na sua absorção pela Ford, em 1967, dando início a uma era de transição que renomeou e modificou os veículos até o fim de sua produção, em 1971.

O Apogeu da Willys (1966-1967)

Em 1966, a Willys-Overland vivia seu apogeu. O Aero Willys era um sucesso de vendas, um carro robusto e espaçoso que agradava à classe média brasileira. Para um público ainda mais exigente, a marca lançou nesse mesmo ano o Itamaraty, uma versão de luxo do Aero. O Itamaraty se distinguia pela grade dianteira inteiriça, mais cromados, lanternas traseiras horizontais exclusivas e um interior requintado, com painel de jacarandá maciço e bancos de couro.

Ainda mais exclusivo, a Willys apresentou o Itamaraty Executivo, a primeira limusine produzida em série no Brasil, destinada a chefes de estado e grandes empresários.

Mecanicamente, a grande novidade chegou em 1967, quando o motor de 2.6 litros foi aprimorado para um novo propulsor de 3.0 litros e 132 cv, dando mais fôlego aos sedãs, especialmente ao mais pesado Itamaraty.

A Chegada da Ford (1967-1970)

Em outubro de 1967, a Ford Motor Company adquiriu o controle acionário da Willys-Overland do Brasil. A gigante norte-americana, que já produzia o luxuoso Galaxie, viu no portfólio da Willys a oportunidade de expandir sua atuação para segmentos intermediários e utilitários.

Inicialmente, a Ford tranquilizou o mercado, garantindo a continuidade da linha Willys. Os carros passaram a ser identificados como "Fabricados pela Ford-Willys do Brasil S.A.". A primeira grande mudança foi a adequação da nomenclatura: o Aero Willys tornou-se o Ford Aero e o Itamaraty, o Ford Itamaraty.

Sob a nova gestão, os modelos passaram por uma série de modificações graduais entre 1968 e 1970:

Mecânica Aprimorada: O motor 3.0 litros do Itamaraty foi otimizado para render 140 cv. A Ford também incorporou componentes de sua linha, como o sistema de freios a tambor do Galaxie, mais eficiente que o original da Willys.

Design e Acabamento: O luxuoso painel de jacarandá maciço do Itamaraty foi substituído por uma imitação de plástico, uma medida de racionalização de custos. As calotas foram redesenhadas, e em 1971, seu último ano, o Aero passou a usar as calotas do Ford Galaxie na versão standard. Pequenos emblemas "Ford" foram adicionados à carroceria para reforçar a nova identidade.

Fim das Versões Exclusivas: A produção da limusine Itamaraty Executivo foi rapidamente descontinuada pela Ford, que não tinha interesse em manter um concorrente, ainda que de nicho, para seu suntuoso Galaxie.

O Fim de uma Era

Apesar das melhorias e da força da rede de concessionárias Ford, a linha Aero/Itamaraty já sentia o peso da idade de seu projeto original, que datava do início da década. Com o lançamento do bem-sucedido Ford Corcel em 1968 (um projeto herdado da Willys) e com o Galaxie dominando o segmento de luxo, as vendas dos antigos sedãs começaram a declinar.

Em 1970, o futuro da linha já era incerto. Foram feitos protótipos para uma possível reestilização, mas nenhum foi aprovado pela presidência da Ford nos Estados Unidos. A decisão foi de encerrar a produção. As últimas unidades do Ford Aero e do Ford Itamaraty saíram da fábrica em 1971, com alguns carros sendo vendidos ainda em 1972.

Encerrava-se assim a trajetória de um dos mais importantes projetos da indústria automobilística nacional. De Aero Willys a Ford Aero, o sedã e sua luxuosa variante Itamaraty deixaram um legado de robustez e elegância, marcando uma época de ouro e, posteriormente, a transição de uma era na história do automóvel no Brasil.