CATÁLOGO DE PEÇAS JEEP CBT JAVALI (DOWNLOAD PDF)
CBT Javali: O Jipe com DNA de Trator que Desbravou o Brasil
Um nome que evoca força, rusticidade e uma capacidade ímpar de enfrentar qualquer terreno. O CBT Javali não foi apenas mais um veículo 4x4, mas sim a materialização de um projeto genuinamente brasileiro, nascido da expertise de quem entendia de trabalho pesado: a Companhia Brasileira de Tratores (CBT). Fabricado entre 1988 e 1995, o Javali surgiu como um herdeiro espiritual do Jeep, mas com uma identidade própria, forjada no campo e movida a diesel.
O Nascimento de um Selvagem
No início da década de 1980, a Ford havia encerrado a produção do icônico Jeep CJ-5, deixando uma legião de fãs e, principalmente, uma demanda de mercado por um veículo 4x4 robusto, simples e confiável. Atenta a essa oportunidade, a CBT, uma das maiores fabricantes de tratores do país, com sede em São Carlos (SP), decidiu usar sua vasta experiência em mecânica pesada para criar um utilitário.
Apresentado como protótipo no Salão do Automóvel de 1988, o Javali entrou em produção em 1990. Seu nome não poderia ser mais apropriado: um animal selvagem, forte e resistente, características que definiam perfeitamente o veículo.
Mecânica Robusta: O Coração de Trator
A principal diferença do Javali para qualquer outro jipe da época era sua alma de trator. A CBT orgulhava-se de sua alta taxa de nacionalização, produzindo a maior parte dos componentes em casa. O coração do Javali era seu motor, também fabricado pela CBT:
Motor 3 cilindros Turbo Diesel: Inicialmente, o Javali foi equipado com um motor de 2.940 cm³ (três cilindros) com turbocompressor, que gerava cerca de 85 cv. O grande destaque não era a velocidade final (que mal passava dos 100 km/h), mas sim o torque extraordinário em baixas rotações, uma herança direta dos tratores da marca. Essa força bruta permitia ao Javali superar obstáculos e terrenos difíceis com extrema facilidade.
Motor 4 cilindros Diesel: Posteriormente, uma versão com motor de 3.922 cm³ (quatro cilindros) também foi disponibilizada, oferecendo um funcionamento mais suave.
O conjunto mecânico era complementado por um câmbio Clark de quatro marchas e eixos rígidos Dana 44, os mesmos utilizados em picapes da época, garantindo a resistência necessária para o trabalho pesado. O sistema de tração 4x4 com reduzida era acionado por alavanca, um sistema simples e extremamente eficaz.
Design Funcional e Espartano
O design do Javali era um reflexo direto de sua proposta: a função acima da forma. A carroceria, feita de chapas de aço dobradas, tinha um visual quadrado e imponente. Tudo nele era pensado para ser durável e de fácil manutenção.
O interior era espartano, sem qualquer luxo. O painel de instrumentos era completo, mas simples, e o volante era o mesmo utilizado nos tratores da CBT. Os bancos eram básicos e o conforto não era uma prioridade. Para o mercado civil, foi vendido em uma única e característica cor, um tom entre o cinza e o bege. O modelo vinha de fábrica com santantônio (arco de proteção) e uma resistente capota de lona.
Legado de um Desbravador
A trajetória do Javali foi curta, porém marcante. Com a abertura das importações no início dos anos 1990, o mercado brasileiro foi inundado por veículos 4x4 mais modernos e confortáveis. Somado às dificuldades financeiras enfrentadas pela própria CBT, o Javali teve sua produção encerrada em 1995, com cerca de 3 a 4 mil unidades fabricadas, o que o torna um item raro e cultuado nos dias de hoje.
O CBT Javali representa um capítulo fascinante da indústria automobilística nacional. Ele não foi um "Jeep" fabricado por outra empresa, mas sim um veículo 4x4 com uma concepção própria, nascido para ser uma ferramenta de trabalho incansável. Seu legado é o de um verdadeiro desbravador, um jipe genuinamente brasileiro que honrou o nome selvagem que carregava.
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